Leia as Histórias
Morei na Rua do Gasômetro de 1960 a 1969, onde tive várias emoções de caráter familiar, profissional e problemas de saúde, chegando a me considerar um viúvo com apenas 30 anos e três filhos pequenos. Pedia a Deus que devolvesse a minha mulher a saúde que ela tinha. Fazia parte da Irmandade do Sagrado Coração de Jesus, a pedido de meu pai, na ocasião, já falecido, em 1958, e continuei até minha mudança para o Parque Continental, em 1969.
Trabalhando no Matarazzo, na Praça do Patriarca, (onde hoje é a prefeitura), como desenhista de embalagens, ia ao centro, sempre a pé, cortando o Parque Dom Pedro II, subindo a General Carneiro, Lago do Tesouro, Rua Direita e Praça Patriarca. (só de lembrar, hoje, mesmo sentado, perco o fôlego). Cobria essa distância em 30 minutos, o que me permitia almoçar em casa.
Ir ao trabalho se tornou, para mim, um passeio diário, não me cansava, gostava do que fazia e íamos vivendo prazerosamente, vencendo os obstáculos. Esse hábito saudável de andar a pé (que tenho até hoje), me proporcionava várias e encantadoras distrações como, por exemplo, passar pelas lojas do "Ao Empório Toscano", onde comprava nossas roupas, (durante a 2ª Guerra Mundial mudou de nome, para "A Metropolitana"); pelas duas joalherias da família Pastore: "A Confiança" e a "Joalheria Pastore"; pelo "Chocolate Sonksen"; "Bar Viaduto"; "Casa dos Dois", (hoje, Lojas Americanas), Sloper; "Galeria Paulista de Modas" (antiga Casa Alemã); "Casimiras Nobis", "A Exposição" sem contar, pelo auditório da Rádio Record e dos grandes salões de bilhar, "Taco de Ouro".
As vezes, por gostar muito de ler, fazia o trajeto lendo um jornal ou uma revista. A firmeza nos passos, a tranquilidade do Parque Dom Pedro II e o despretensioso trânsito da época, permitiam-me essa pequena travessura. Nos dias de pagamentos, duas vezes por mês, passava na Rua 25 de Março, (naquela época, bem mais tranquila) e comprava brinquedos para os meus primeiros três filhos, Maurício, Moacyr e Maria, ainda pequenos.
Como fazíamos quase sempre, nas sextas-feiras, no fim do dia, eu e meus colegas de seção fomos tomar um aperitivo e um deles, o Eloim, me alerta para uma nova "batida" que o bar que ficava na Rua São Bento, encostado a loja "A Exposição", na esquina da Praça Patriarca. O bar, (infelizmente, não lembro o nome) oferecia, além das deliciosas caipirinhas, porções de linguiça calabresa e uma batida com uma "nova" fruta oriunda do nordeste: maracujá. Pedimos a primeira rodada, gostei muito, depois veio a segunda e a terceira... Conforme a bebida descia, subia o encanto que aqueles momentos proporcionavam... Era o porre de maracujá que "batizava" minhas entranhas, trazendo a doce tontura bem administrada, dando um novo sentido a minha vida onde sonhos e prazeres, enfim, me haviam alcançado.
Aí, fomos embora, cantando pelas ruas do centro, desci a Gal. Carneiro, entrei no Parque Dom Pedro, Rua do Gasômetro, no prédio em que morava, entrei no elevador com os primeiros sinais de "devolução radical" de tudo o que havia ingerido e mais alguns sólidos que já estavam alojados em seus devidos lugares e, por direito adquirido, distribuindo suas vitaminas e proteínas, resistindo ao mais novo intruso, invasor num corpo bem constituído e alimentado.
Depois desse "batismo", maracujá, para mim, só na base do suco. Caipirinha, só de limão e...olha lá, com pouquíssimo açúcar (ou adoçante).
Obrigado a todos.
E-mail: modesto.laruccia@hotmail.com
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coada e gelada.(sem as cascas do limâo). Enviado por joa claudio capasso - jccapasso2@hotmail.com.
Quanto ao maracujá, é-me dificil ingerí-lo pois nunca gostei do mesmo. Parabéns pela jovial narrativa. Aquele abraço Mestre. Enviado por asciudeme joubert - asciudeme@ig.com.br